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A Bússola Dourada

A Bússola Dourada

Os nomes de Dom Augusto Álvaro da Silva, Dom Eugênio de Araújo Sales e Dom Avelar Brandão Vilela gravados nas colunas de acesso ao adro da basílica de São Pedro tornam familiar aos católicos da Arquidiocese de São Salvador esta obra prima da arquitetura. O registro dos capitulares da Sé Primacial do Brasil nas colunas da basílica de São Pedro deve-se à sua participação no acontecimento eclesial mais extraordinário do século XX, o ecumênico Concílio Vaticano II. Esse episódio inaugurado na história da Igreja pelo papa João XXIII, no dia 11de outubro de 1962, nos tomará nas linhas e edições seguintes.

Para início de conversa, os concílios são reuniões dos bispos, convocadas pelo bispo de Roma e presididas por ele, com o objetivo de definir assuntos de fé, de moral e de doutrina da Igreja. Recordemos que, até o Vaticano II, aconteceram vinte concílios em toda história, sendo o homônimo Vaticano I (1869 – 70) e o Concílio de Trento (1545 – 63) os dois últimos. O vigésimo primeiro concílio, que aconteceu entre os anos de 1962- 65, alongou-se por dois governos pontifícios, a tomar conhecimento, dos Papas João XXIII e Paulo VI.

É conveniente explicar, e é preciso fazê-lo imediatamente, que o caráter ecumênico do concílio não se aplica a um envolvimento direto das outras religiões cristãs no seu desenvolvimento, mas à participação da Igreja presente em todo o orbe numa assembleia única e universal. Neste sentido, o Concílio Vaticano II contou, em sua abertura, com a presença de mais de dois mil e quinhentos bispos dos cinco continentes, além dos superiores gerais das congregações religiosas, de vinte e oito representantes de Igrejas cristãs e de algumas personalidades do mundo leigo.

Outro aspecto, ainda, fez deste concílio peculiar. O Vaticano II não se preocupou com a definição de novos dogmas, nem com uma reforma da Igreja, mas com uma atualização pastoral e eclesial. Em virtude desta perspectiva, e, apenas por ela, essa postura conciliar conseguiu lançar novos fachos de luz no átrio multissecular da Igreja. Tratava, na verdade, de um desejo de fazer a Igreja encontrar um caminho na compreensão do mundo Moderno, como também o seu contrário. Tanto que, nos disse o papa João Paulo II na entrada do terceiro milênio: “sinto (…) o dever de indicar o Concílio como a grande graça que beneficiou a Igreja no século XX: nele se encontra uma bússola segura para nos orientar no caminho do século que começa” (Novo Millennio Ineunte, n.57).

Pois bem, neste arco de tempo dourado (2012 – 2015), em que celebramos o jubileu do Vaticano II, refletiremos alguns episódios conciliares, entre eles, o seu anúncio e convocação, a participação do episcopado brasileiro no seu desenvolvimento, as Conferências de Domus Marie e a compreensão que a Igreja adquiriu de si e do mundo com quem se relaciona, a partir deste momento. Quanto aos antigos pastores da Igreja da Bahia que tiveram a sua memória perpetuada nas colunas da basílica de São Pedro, doravante, nos acompanharão como os padres conciliares do Vaticano II, nas próximas edições do Jornal São Salvador.

Série 50 anos do Concílio Vaticano II. Texto publicado no Jornal São Salvador: Abril de 2012.


 

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